Sentei para ler e lá pela terceira ou quarta página da leitura me dei conta de que estava a puxar fios das sobrancelhas. Isso é “doença”, chama-se tricotinomania. Muito comum. É sintoma de neurose de ansiedade, diz a Organização Mundial de Saúde. Tenho uma amiga em Porto Alegre que já teve que usar peruca tanto ela dava voltinhas nos cabelos e os puxava arrancando. Coitadinha. Não sei como está hoje.
Bom, mas não estou aqui sem razão. É que quando peguei o livro para ler não tinha vontade de ler, mas não tinha mais o que fazer. Todavia, você não engana o seu subconsciente, o meu estava agitado, não sei da razão. Decidido, fui buscar um “alívio”. E onde o podia encontrar? Na minha caixa de sapatos, transbordante de frases. Pus a mão, respirei fundo e disse a mim mesmo: venha o que vier, será isso…
Saiu esta frase, esmaecida num pedacinho de jornal: – “Os prazeres são o melhor remédio e alongam a vida”. Num primeiro momento, desanimei, mas que bela “idiotice”, afinal, quem não sabe disso? Repensei e dei-me conta de que idiota era eu. Era?
Buscamos o prazer o tempo todo, o erro está em buscar o prazer coletivo, o prazer que todos buscam, do mesmo modo, nos mesmos lugares, tudo, enfim, como que numa linha de montagem. Nesse momento, lembrei-me de Brownie Ware, a moça que cuida de pacientes terminais na Austrália e que depois de muito conversar com eles escreveu o livro – “Os cinco maiores arrependimentos na hora da morte”. Pesado. E o arrependimento que mais apareceu nos lábios moribundos das pessoas foi: – “Não ter vivido a vida que eu queria viver, mas a vida que os outros esperavam que eu vivesse”. Você vive assim, sabias? Aposto. Nossos prazeres têm que ter o passaporte da aprovação dos outros, quando, na verdade, dentro da lei e da ética podemos voar para o infinito da liberdade dos nossos prazeres. Mas cortamos as nossas asas para sermos como os outros. Estúpidos. É como mais costumamos viver…(Blog do Prates, no SBT).
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